
Psicoterapia
"So given that clients and therapists are fellow travelers on the same inspiring and painful human journey, we can both learn a lot from each other."
Russ Harris, 2019. ACT Made Simple
Em que consiste
A psicoterapia é um trabalho colaborativo, baseado na relação entre a pessoa que procura ajuda e o psicólogo. Assenta no diálogo, proporcionando um ambiente de apoio e suporte, que permite a quem procura ajuda falar abertamente com alguém que é objetivo, neutro e que não fará juízos de valor.
No final da terapia, será de esperar, não só que tenha conseguido lidar com o problema que motivou a procura de ajuda, mas também que tenha adquirido uma série de competências e ferramentas que poderão ser utilizadas em quaisquer situações desafiantes que surjam futuramente, permitindo-lhe lidar com elas de um modo mais adaptativo - afinal, as situações desafiantes fazem parte de uma vida plenamente vivida, por isso, é de esperar que aconteçam!
Existem diversos tipos de abordagens psicoterapêuticas (psicanalítica, humanística, comportamental, cognitiva...). Neste caso, a abordagem utilizada será sobretudo cognitivo-comportamental, integrando, entre outras, componentes da Terapia Comportamental Dialética (DBT) e da Terapia da Aceitação e Compromisso (ACT), as denominadas terapias de terceira geração, as quais refletem a influência da filosofia oriental na psicologia clínica, incorporando princípios como o da atenção plena (mindfulness).
Frequentemente neste tipo de intervenções o psicólogo solicita a realização de tarefas práticas no período entre sessões, os quais têm como objetivo aprender a utilizar eficazmente as ferramentas e estratégias que são trabalhadas em cada sessão.
As sessões podem ser realizadas individualmente ou incluindo a família (sobretudo nos casos em que se trabalha com crianças, jovens e adolescentes). Alguns psicólogos proporcionam também intervenções em grupo ou com o casal.
Habitualmente, a duração da intervenção terapêutica dependerá de vários fatores: da perturbação ou da situação apresentada; da severidade dos sintomas; do tempo decorrido entre o aparecimento dos sintomas e o início da terapia; da rapidez dos progressos; do desconforto experienciado; do quanto as questões que motivaram a consulta interferem com o quotidiano; do apoio que recebe (família, amigos, colegas, comunidade...); e da disponibilidade financeira.
Para que retire o máximo de proveito da terapia é importante que se certifique que se sente confortável com o psicólogo; que o encare como um "parceiro de jornada", participando ativamente na definição de objetivos e na avaliação do progresso; que seja honesto e partilhe abertamente os seus pensamentos, sentimentos e experiências; que adira ao plano de tratamento, evitando faltar às sessões e realizando as tarefas de treino propostas; que não espere resultados instantâneos (trabalhar questões emocionais pode ser doloroso e requer um grande esforço, pelo que podem decorrer várias sessões até que comece a ver melhorias); que fale com o seu psicólogo se a terapia não estiver a resultar, pois isso poderá indicar-lhe a necessidade de introduzir algumas alterações ou mudar de abordagem de modo a aumentar a eficácia do tratamento.
Entre os potenciais benefícios da terapia, salientam-se, entre outros: maior consciência dos seus pensamentos e sentimentos , bem como maior competência para lidar com eles; maior discernimento acerca da sua vida; maior capacidade para fazer escolhas em linha com os seus valores; melhores estratégias para lidar com o stress; melhorias nas competências de comunicação; ligações familiares mais fortes.
Concluindo, a psicoterapia não fará com que os problemas e as dificuldades desapareçam, mas dar-lhe-á a capacidade para lidar de uma forma mais adaptativa com os desafios diários e sentir-se melhor consigo e com a vida.
A quem se destina
A psicoterapia pode ser útil no tratamento da maioria das perturbações mentais (quer por si só, quer como coadjuvante no tratamento psiquiátrico e psicofarmacológico) incluindo, entre outras as:
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Perturbações do humor (depressão, perturbação bipolar...)
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Perturbações da ansiedade (perturbação obsessivo-compulsiva, fobias, ataques de pânico...)
Contudo, a maioria das pessoas que beneficia da psicoterapia, ao contrário do mito e preconceito comum, não tem um diagnóstico de doença mental. Esta é, sim, usada como uma ferramenta eficaz de desenvolvimento pessoal ou pode ser realizada com o objetivo de ajudar a lidar com um grande número de fatores geradores de stress e conflito da vida quotidiana. Assim, a psicoterapia pode:
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Ajudar a resolver conflitos (com familiares, colegas de trabalho...)
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Aliviar a ansiedade e o stress relacionados com o trabalho/estudo e outras situações
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Ajudar a lidar com grandes alterações na vida (perda de um ente querido, divórcio, alterações na situação laboral...)
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Ensinar a lidar com comportamentos pouco saudáveis e adaptativos (comportamentos agressivos e passivo-agressivos...)
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Ensinar a maximizar o potencial humano para viver uma vida plena e satisfatória, enquanto lida eficazmente com a dor que esta inevitavelmente contém
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Ajudar a treinar competências deficitárias (comunicação, socialização, gestão do tempo...)
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Ajudar a melhorar as relações (incluindo com o próprio)
Deste modo, a psicoterapia pode beneficiar crianças, adolescentes, jovens e adultos que enfrentem situações face às quais sentem que já esgotaram o seu leque de respostas, sem obter sucesso.
Modelo das sessões
Cada sessão tem uma duração aproximada de 50 minutos e são realizadas semanal ou quinzenalmente (dependendo da gravidade da situação, dos objetivos definidos e da disponibilidade).
Poderão ser realizadas presencialmente, em gabinete ou no exterior (neste caso, as sessões realizam-se em local a combinar, sendo que a primeira sessão realiza-se sempre em gabinete), ou através de videoconferência.



